Era uma vez um comerciante muito rico. Ele tinha três lindas filhas, porém a mais nova também era a mais linda. Quando era criança, todos a chamavam de Bela. O apelido pegou e ficou assim por anos e anos. As irmãs de Bela a invejavam porque ela também era a mais bondosa e mais inteligente das três. O pai delas perdeu todo o dinheiro que tinha porque seus navios afundaram no mar. A família então teve que se mudar para uma pequena casinha em um vilarejo. E ele ia trabalhar todos os dias no campo pela manhã, enquanto Bela limpava a casa e fazia comida para todos. A única coisa que as irmãs dela faziam era acordar tarde, passear para lá e para cá o dia inteiro e reclamar que não tinham mais aquelas lindas roupas que costumavam vestir. Um ano se passou e num belo dia, o pai recebeu uma carta dizendo que um dos seus navios tinha retornado sem dano algum. Isso significava que a família era rica novamente. Quando todos souberam da notícia, as irmãs mais velhas fizeram uma lista de coisas que queriam que o pai comprasse - vestidos, chapéus, sapatos, brincos, pulseiras e muito mais. “Você quer que eu compre algo para você também?” perguntou o pai para Bela. Ela achou que o dinheiro que tinham poderia não ser o suficiente para comprar todas as coisas da lista das suas imãs, então Bela disse, “Já que você perguntou, eu quero que me traga uma rosa, porque elas não florescem aqui.” Quando o pai chegou no navio, ele estava intacto, porém vazio. Então ele teve que voltar para casa tão pobre quanto era antes. Faltavam cerca de dez quilômetros para ele chegar em casa quando de repente começou uma tempestade de neve. A neve era tão espessa e os ventos tão fortes que ele caiu duas vezes do cavalo. Já era noite, e o pobre homem pensou que fosse morrer de frio e de fome. Foi quando ele avistou um castelo não muito distante. Chegando no castelo, ele foi até um salão. Existia uma lareira quentinha onde ele poderia secar suas roupas e uma mesa posta para apenas uma pessoa. O pai esperou para ver ser alguém viria, mas como ninguém apareceu, e ele não aguentava mais de fome, comeu a comida que estava na sua frente. Sentindo-se bem melhor, o pai começou a explorar o castelo, até que achou uma cama, que parecia ter sido feita exatamente para ele. E não quis saber de esperar, deitou-se e imediatamente caiu no sono. Quando acordou no dia seguinte, ficou surpreso ao ver que algumas roupas limpas foram deixadas para ele. Tirou as suas próprias roupas sujas e vestiu as limpinhas. Dirigiu-se então para fora em busca do seu cavalo. No caminho de saída do castelo, ele avistou um arco todo repleto de rosas, e lembrou-se de sua filha caçula que havia lhe pedido para levar uma de presente. Ele arrancou algumas rosas do arbusto. Na mesma hora, escutou um rugido terrível e viu uma criatura feroz correndo atrás dele. “Você é um mal agradecido! Eu te dei comida, uma cama quentinha e roupas e mesmo assim está pegando minhas rosas! A única coisa que eu realmente amo! Prepare-se para morrer!” “Por favor Mestre, não me mate,” o pai respondeu, “Eu tenho três filhinhas esperando por mim em casa.” “Eu não sou seu mestre, eu sou uma fera! Então não me bajule. Mas você disse que tem filhas. Você pode ir, mas tem que me prometer que uma das suas filhas virá para cá sozinha, e morrerá no seu lugar. Caso contrário, você deverá voltar em três meses para morrer.” O pai não teve escolha senão concordar. A fera tinha uma última coisa para dizer. “Eu não quero que você saia do castelo com as mãos vazias. Antes que você vá, pegue esta bolsa e encha com todo o ouro e preciosidades que você encontrar.” O pai foi para casa. Estava muito triste. Ele deu as rosas que pegou do jardim da fera para Bela e depois contou para todos o que tinha acontecido. As irmãs mais velhas começaram a chorar, mas Bela permaneceu calma. “Por que você não está chorando?” perguntaram as irmãs. “O papai vai morrer por causa das suas rosas estúpidas.” “Papai não vai morrer,” disse Bela, “a fera disse para o papai que ele poderia mandar uma das suas filhas, então eu vou.” E nada podia tirar essa idéia da cabeça de Bela. No dia seguinte, ela partiu com o seu pai para chegar até o castelo da fera. No caminho, ele falou para a Bela sobre todo o ouro e riquezas que a fera fez ele pegar. Ela aconselhou o seu pai a usar esse dinheiro como o dote das suas irmãs. Quando chegaram no palácio, a fera foi encontrá-los. “Você veio pra cá por vontade própria?” perguntou. “Sim,” Bela respondeu. “Seu coração é tão bom!” a fera exclamou, e os chamou para um jantar e uma boa noite de sono. “Amanhã de manhã você pode deixar o castelo”, a fera disse ao pai. Na manhã seguinte o pai deixou o palácio, e Bela começou a chorar. Ela pensou que a fera queria matá-la. E com esses pensamentos horríveis na cabeça, ela começou a andar pelo palácio, que era muito lindo. Para sua surpresa, ela achou um quarto que tinha uma placa dizendo, “Quarto da Bela”. Ela abriu a porta e viu um dormitório lindo, com um piano e uma livraria. “A fera não quer que eu fique entediada”, ela pensou e recuperou sua coragem. “Se pelo menos eu pudesse ver minha família, tudo poderia ser perfeito”, Bela pensou. Nesse momento, o espelho da parede mostrou a sua casa. Ela viu que uma das suas irmãs havia se casado, mas aí, a imagem desapareceu. “Isso provavelmente quer dizer que ele não quer me matar.” Na hora do jantar, ela foi para a sala, e viu que a fera estava lá. “Posso ver você comendo?” ele perguntou. “Claro,” Bela respondeu, “você é o Mestre aqui”. “Não,” a fera replicou. “Você é a dona desse castelo. Se você quiser que eu vá embora, vou agora mesmo. Diga-me você me acha nojento, não é?” Bela não conseguiu mentir, então ela respondeu, “É, realmente eu acho sim, mas eu acredito que você tem um bom coração”. “Você está certa. Não sou só nojento, como eu também não tenho cérebro. Eu sou uma fera besta”, disse ele, e saiu para que ela jantasse sozinha. Na noite seguinte, a Fera entrou na sala perto da hora do jantar, e perguntou uma coisa que deixou a Bela chocada. “Você quer casar comigo?” “Não, fera”, ela respondeu. Ele suspirou e saiu da sala novamente. E foi dessa forma que eles viveram por três meses - a felicidade de Bela seria completa se a fera não ficasse perguntando a mesma coisa todas as noites. Um dia, Bela estava em frente ao espelho, e viu a sua família novamente. Ela viu que o seu pai estava muito doente. Então correu para falar com a fera sobre o que tinha visto. “Eu prometi que nunca te abandonaria, mas se você não me deixar ir lá, vou morrer de tristeza,” disse ela. “Você pode visitar sua família”, disse ele, “mas você deve me prometer que voltará no oitavo dia. Quando você estiver pronta para voltar, apenas coloque seu anel em cima da mesa.” Na manhã seguinte, Bela já acordou na casa de seu pai. Quando ele viu a sua caçulinha sã e salva, ficou muito feliz. As irmãs também correram para vê-la. E ficaram com inveja e raiva porque a Bela usava um lindo vestido e estava mais bela do que nunca. As irmãs criaram um plano malvado. Queriam fazer com que Bela voltasse para o castelo depois do que ela havia prometido, e assim, a fera ficaria com muita raiva e a mataria. Então, o oitavo dia chegou. Elas começaram a chorar e pedir para a irmã mais nova ficar um pouco mais. O coração bondoso de Bela nem desconfiou de que aquilo era um plano das suas irmãs. Ela realmente acreditou que sentiram sua falta. Então, Bela prometeu ficar por mais oito dias. Mas no décimo dia, Bela teve um sonho. Nesse sonho, Fera estava deitado no jardim, quase morto. Ela acordou, correu e colocou seu anel em cima da mesa. Na manhã seguinte, Bela acordou no castelo. Ela chamou pela fera, mas ninguém respondeu. E procurou pela Fera por todos os lugares, mas ela não conseguia achar. Finalmente, Bela relembrou seu sonho, e foi até o jardim. Ali estava a fera. Ele tinha só desmaiado, mas Bela pensou que ele estivesse morto. “Ele morreu por minha causa!” pensou, e uma gota de lágrima caiu no peito dele. E quando as gotas de lágrimas caíram sobre o peito dele, a Fera transformou-se em um lindo príncipe. Bela ficou maravilhada. “Eu fui transformado em uma fera horrível por uma fada há muito tempo atrás, porque eu não tinha deixado ela se abrigar no castelo quando aconteceu uma tempestade,” explicou ele, “e somente encontrando o amor verdadeiro é que esse feitiço se quebraria. Você quer casar comigo?” Bela concordou alegremente, e eles viveram por muitos e muitos anos juntos no castelo.